Com muita frequência ouço pessoas nas empresas dizendo que são ou pretendem ser mais “assertivos”, querendo dizer que pretendem ser mais “certeiros”, ou seja, acertar mais. Assertivo vem de asserção, que é sinônimo de afirmação, enquanto que certeiro quer dizer “acertar com exatidão”. Uma pessoa assertiva é, portanto, alguém que faz afirmações com convicção, sejam elas verdadeiras ou não, enquanto que certeiro é o que alcança seu objetivo sem desvios.
Logicamente esse engano vem se propagando devido à nosso sistema educacional pouco eficaz (vide dados pisa http://paises.qedu.org.br/), agravado por mais exemplos vindos de membros da nossa elite, que confiam mais no dinheiro do que na educação, de governantes que produzem uma enxurrada de declarações em mal português, além de correntes ideológicas e “marqueteiros” que confundem nossa população com distorção de significados de palavras (ex.: “vem pra Caixa você também”, o correto seria “venha para a Caixa você também” ou “vem para a Caixa tu também”).
Mas não somente apontar o erro de português, gostaria de lançar alguma reflexão sobre se devemos ser assertivos (falar com convicção) ou certeiros (alcançar diretamente o objetivo). Logicamente seria melhor que fossemos primeiramente certeiros, e que pudéssemos emitir opiniões com assertividade, mas para isso devemos ter: a) objetivos claros e factíveis; b) conhecimento, tanto para ajustar a meta, quanto para escolher o melhor caminho para alcançá-la quanto para fazer as afirmações verdadeiras, c) implementação desse plano, acompanhamento dos resultados e correções de rumo quando necessário.
Trazendo tudo isso para o nosso mundo dos sistemas de gestão, ao se estabelecerem objetivos (da qualidade, ambientais, de segurança e saúde etc.), deveríamos primeiramente entender a Política correspondente, a qual deveria ter sido baseada em uma visão e missão estratégicas, e o contexto interno e externo atual, além dos requisitos das partes interessadas. Essas informações nos permitiriam estabelecer esses objetivos e suas metas, os planos para alcança-las e os riscos e oportunidades atrelados. Esse conhecimento nos permitiria divulgar esses objetivos e metas de modo assertivo, pois estaríamos convictos da factibilidade dos mesmos. Na sequencia implementar o plano, monitorar os resultados e tomar ações corretivas quando necessário.
Infelizmente com frequência nos deparamos com políticas genéricas, objetivos estabelecidos sem muito critério, planos ausentes, riscos mal avaliados, oportunidades ignoradas, falta de divulgação dos objetivos, falta de monitoramento e falta de ações corretivas. Aí é só esperar alguém dizer que querem ser “assertivos” (com emprego errado da palavra).
Os “gurus” da Qualidade já diziam décadas atrás que a chave de tudo é a Educação para a Qualidade, mas isso parece ter caído em desuso. Precisamos retomar o tema!
A Lato Qualitas pode auxiliar sua empresa a implantar, manter e melhorar sistemas de gestão em sua empresa.
Nasario, Lato Qualitas, Jun/22
